Autores do Arcadismo: José de Santa Rita Durão





José de Santa Rita Durão nasceu em Cata-Preta, nas proximidades de Mariana em Minas Gerais, em 1722. Estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro até os dez anos, partindo no ano seguinte para a Europa, onde se tornaria padre agostiniano. Formou-se em Teologia pela Universidade de Coimbra e, em seguida, lá ocupou uma cátedra de Teologia.
Durante o governo de Sebastião José de Carvalho e Melo Pombal, foi perseguido e abandonou Portugal. Trabalhou em Roma como bibliotecário durante mais de vinte anos, retornando então ao país. Esteve ainda na Espanha e na França. Voltando a Portugal com a "viradeira", a sua principal atividade passou a ser a redação de seu poema épico chamado Caramuru, escrito no padrão da poesia de Camões, publicado em 1781, cujo subtítulo, Poema épico do descobrimento da Bahia, remonta ao tempo em que os primeiros europeus chegaram ao Brasil e travaram contato com os nativos. Morreu em Lisboa, Portugal em 24 de janeiro de 1784. 

Sobre a obra: "Caramuru é o nome dado ao português Diogo Álvares Correia que passa a viver entre os índios Tupinambás após sobreviver a um naufrágio no litoral baiano. Considerado um herói "cultural", que ensina as leis e as virtudes aos "bárbaros" que aqui viviam, ganha o respeito dos índios ao disparar uma arma de fogo. Os índios, assustados, equiparam-no a Tupã e passam a respeitá-lo como uma entidade enviada. Ele se encanta com Paraguaçu, a bela índia de pele branca. 
Já instalado na tribo, Diego percebe a possibilidade de difundir a fé cristã para os índios, doutrinando-os após ter encontrado uma gruta que se assemelharia a uma igreja, mais adiante, Diego ajuda a resgatar a tripulação de um barco espanhol que havia naufragado e vê a possibilidade de retornar à Europa através da nau francesa que viera resgatar aquela tripulação. Parte, com Paraguaçu, deixando para trás as belas índias que haviam se apaixonado por ele, incluindo Moema, a mais bela, que atira-se ao mar em direção ao navio na tentativa de alcançar o seu amado. Ao chegar na Europa, Paraguaçu é batizada de Catarina, ambos são festejados e recebem as honras da realeza lusitana."
Créditos do resumo: Só literatura.


Trecho do poema épico Caramuru, em que é narrada a morte da índia Moema:

Canto VI
XXXVIICopiosa multidão da nau francesa
Corre a ver o espetáculo assombrada;
E, ignorando a ocasião de estranha empresa,
Pasma da turba feminil que nada.
Uma, que às mais precede em gentileza,
Não vinha menos bela do que irada;
Era Moema, que de inveja geme,
E já vizinha à nau se apega ao leme.
XXXVIII
"- Bárbaro (a bela diz), tigre e não homem...
Porém o tigre, por cruel que brame,
Acha forças amor que enfim o domem;
Só a ti não domou, por mais que eu te ame.
Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem.
Como não consumis aquele infame?
Mas apagar tanto amor com tédio e asco...
Ah que o corisco és tu... raio... penhasco?
(...)
XLI
Enfim, tens coração de ver-me aflita,
Flutuar moribunda entre estas ondas;
Nem o passado amor teu peito incita
A um ai somente com que aos meus respondas!
Bárbaro, se esta fé teu peito irrita,
(Disse, vendo-o fugir), ah não te escondas! 
Dispara sobre mim teu cruel raio..."
E indo a dizer o mais, cai num desmaio.
XLII
Perde o lume dos olhos, pasma e treme,
Pálida a cor, o aspecto moribundo;
Com mão já sem vigor, soltando o leme, 
Entre as salsas escumas desce ao fundo.
Mas na onda do mar, que irado freme,
Tornando a aparecer desde o profundo,
- Ah! Diogo cruel! - disse com mágoa,
E, sem mais vista ser, sorveu-se n’água.

Comentários

  1. Parabéns pelo Blog, muito bem feito e explicativo.Adorei.

    Jean Carlo

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  2. Se dependesse de mim seria 10, os 3 explicaram muito bem e a parte da criatividade ficou maravilhosa (ARCADE <3) Parabéns pelo blog, muito bem explicado/organizado.

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    1. *Se dependesse de nós seria 10,00, os 4 explicaram muito bem e a parte da criatividade ficou maravilhosa (ARCADE, ótima referência ) Parabéns pelo blog, muito bem explicado/organizado.* (correção)

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